A GENÉTICA COMPORTAMENTAL
De 1990 para cá surgiram centenas de pesquisas revolucionárias que iriam modificar radicalmente tudo que sabíamos ou achávamos que sabíamos de Psicologia, Sociologia e Economia.
Estas pesquisas se beneficiaram dos
avanços da computação, teorias dos jogos, simulação, que psicólogos como
Freud e sociólogos como Durkheim não tinham à sua disposição.
Estas novas técnicas permitiram a esta
nova geração de psicólogos, matemáticos e geneticistas a possibilidade
de simular sociedades inteiras, com conclusões muito interessantes.
Em vez de fazerem experiências
diretamente sobre seres humanos, como nossos economistas heterodoxos
fizeram com a população brasileira de 1987 até 1998, estas simulações
são absolutamente éticas, por serem virtuais.
Esta nova visão é violentamente
contestada por alguns, porque ela acabou provando que muitos dos
problemas do mundo não são somente culturais, que nem toda a nossa
cultura é imposta pela classe dominante para seu próprio interesse.
Homens, por exemplo, só pensam “naquilo”
não porque foram educados assim pelas suas mães e pelos seus pais, mas
por uma força genética que está por trás.
Porém, a origem deste “instinto”
genético nos revela conclusões muito diferentes do que a Igreja e a
ética convencional têm nos apresentado.
O fato de que genes também
determinam cultura é uma afirmação revolucionária do ponto de vista
científico, e vamos explorar algumas conclusões neste livro.
Se você é idealista, você já deve ter
sido influenciado por um autor do passado, que lhe conclamou a mudar o
mundo mudando a cultura, normalmente através da tomada do poder político
e impondo uma nova cultura imposta.
Esta foi a visão progressista de Augusto
Compte, Gramsci, Marx, Che Guevara, Mao Tse-Tung e Stedile, sem citar
um número de intelectuais brasileiros.
Hoje, percebemos que o problema é mais complicado do que isto.
Mudar nossos genes é impossível,
e dominar a força de nossos genes sobre nosso comportamento é uma
questão mais de família, de relacionamento no casamento, de Psicologia
do que de Política.
Antes de mudar o mundo, precisamos mudar o nosso comportamento.
Como esta ciência é nova, estamos ainda
na fase de depuração, testes, resultados conflitantes, razão pela qual
nada ainda é definitivo.
O leitor já ouviu dezenas de vezes que o
conhecimento está dobrando a cada dezoito meses, alguns acham que com a
internet e o Google esteja dobrando a cada nove meses.
O que pode não ficar tão óbvio, é que
isto também significa que pelo menos 50% do conhecimento humano anterior
está obsoleto, equivocado, não funciona mais.
Se você era fã de Freud, John Maynard
Keynes ou Sócrates, lamento dizer que ler seus magistrais manuscritos da
época irão lhe atrapalhar mais do que ajudar, a não ser que você seja
um historiador de ciência.
Todos estes mestres do passado foram brilhantes, mas foram
ultrapassados por estas dezenas de períodos de nove ou dezoito meses que
os tornaram antiquados.A forma de colocar os problemas mudou, descobriram outras variáveis, o mundo mudou e bastante, os próprios problemas mudaram.
Portanto, não é nenhum demérito para Freud, Keynes ou Marx que hoje eles não sejam mais atuais nem úteis.
Há 10 anos estudo o que posso do assunto, tenho uma excelente biblioteca sobre a categoria, e hoje sinto ter que confessar que não leio muitos livros publicados antes de 1990, especialmente em Sociologia, Filosofia, Economia e Psicologia.
Dizer que as mulheres sofrem de "inveja do pênis masculino" e explicar todo o comportamento da mulher com base nisto, é hoje uma piada de mau gosto.
Mas dezenas de livros se perdiam no passado numa dialética complexa e confusa para explicar muito pouco.
Explicar porque as mulheres defendem os filhos com unhas e dentes muito mais do que os seus maridos, explica muito melhor a realidade humana e fornece bases para uma compreensão do que significa e quais os problemas de um casamento.
Estamos diante de uma nova revolução científica, estamos entusiasmados com os primeiros resultados, mas cada um se sentindo como cachorro perdido numa mudança.
Sabemos que não dá para voltar para a casa antiga, mas ainda não sabemos como será a casa nova.
Por isto, esta área é fascinante.
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